quarta-feira, junho 30, 2004

A NOITE DOS MORTOS-VIVOS XXVII

A criança vinha da escola e já era tarde. Morava longe e tinha que atravessar um longo caminho até casa. A noite caíu durante o caminho e fez-se escuro. A criança estugou o passo mais um pouco e começou a sentir-se inquieta com as sombras ameaçadoras e os pequenos ruídos que se ouviam no caminho. O coração acelerou quando passou junto á porta de ferro do velho cemitério. Lá dentro, por entre as campas, o nevoeiro, qual fogo fátuo, serpenteava sobre a terra húmida e musgosa. Uma mão cadavérica rompeu a terra fôfa da campa. E outra e mais outra. As tampas dos jazigos arrastavam-se pesadamente com um roçar pesado e de arrepio. Os zombies medonhos arrastaram-se pesada e desajeitadamente. As faces semi-putrefactas, os ossos que se entreviam sob os andrajos já podres. Alguns levantavam as mãos e num esgar diziam guturalmente :”Brains! ….daah…We want brains!”. Um deles foi buscar uma motoserra a um jazigo e liderou o grupo.A criança pressentiu, que as silhuetas recortadas na luz não eram deste mundo. O da motoserra cortou o caminho ao petiz enquanto os outros o cercavam de bracos estendidos. A criança gritou de terror. O chefe do grupo tinha um fato Nino Cerruti e o cabelo colado com brilhantina e mais comprido atrás, tipo futebolista anos 80, uma camisa ás risquinhas Rosa e Teixeira uns sapatos George e um relógio de ouro Philipe Patek. Era o Santana Lopes e as outras zombies eram as santannetes. Começava assim uma sangrenta odisseia. Os cidadãos portugueses nem sabiam, que enquanto dormiam o sono dos justos nos seus pijamas turcos,os zombies, no escuro, em breve lhe comeriam os cérebros. O mais curioso é que mesmo depois dos cérebros comidos, na maior parte deles nem se deu pela diferença. Continuaram na lufa-lufa da vida quotidiana e o cérebro, que nunca lhes fez falta, agora muito menos. Em muitas casas, mesmo em famílias numerosas, os zombies não se safaram e ficaram com a barriga a dar horas. As estatísticas do insucesso escolar continuaram rigorosamente na mesma, os polícias, os funcionários das finanças, os juristas do Ministério dos Negócios estrangeiros que tinham blogs continuaram com a mesma pontuação nas palavras cruzadas, assim como os investigadores dos laboratórios do Estado continuaram a fazer o currículo na Gazeta das Aldeias. Entretanto, os zombies que tinham tomado o poder comendo os cérebros de todo o Governo, formaram um novo Executivo. A primeira medida foi cortar o trânsito automóvel aos fins-de-semana na A1 para beneficiar os passeios pedestres, que são uma prática salutar. No entanto, a distribuição gratuita de sardinhas a toda a população portuguesa começou a pesar no Orçamento, pelo que o Primeiro Ministro zombie decidiu fazer cortes. Os médicos foram despedidos em massa e substituídos por amigos dele que achavam “gírissimo” aquilo de andar com batas e estetoscópios ao pescoço. Cartazes enormes com sardinhas e outdoors gigantes anunciavam as medidas bombásticas do novo governo. A música popular encheu as ruas e o futebol tornou-se um desporto de massas (!!!!). As casa de jogo ilícito foram legalizadas e os traficantes de droga condecorados com a Ordem da Torre e Espada.O território nacional foi loteado e vendido ao desbarato a investidores espanhois que fizeram campos de golfe regados com a água do Alqueva no Sul e com a do Sabor no Norte.

FIM

sexta-feira, junho 18, 2004

RIR! RIR! RIR!...(anedotas populares das Selecções do Reader´s Digest)

“O Ti Joaquim encostou a Zundapp numa azinheira e tirou o capacete apenicado. Deu uns passos e abriu a braguilha. Nisto, pelo canto do olho viu um um ser pequenino, de faces avermelhadas, com um fato cinzento esverdeado justo e uma risca verde na cabeça, que emitia uma espécie de gemido. Ti Joaquim pensou: “Pôrra um extraterrestre!”

Ultimamente tinham sido vistas umas luzes esquisitas no campo e uns charutos encabaçados a sobrevoar o montado. O Ti Joaquim, por isso, nem estranhou aquele encontro imediato do terceiro grau. Decidiu comunicar cordialmente com o alienígena e disse, levantando a mão numa saudação universal:

-“Bemvindo à Terra. Chamo-me Joaquim, sou aqui da aldeia, sou pastor.

O ser alienígena retorquiu ao mesmo tempo que fazia um esgar de quem está a fazer força:

- “E eu sou o Manel,…hããmmmmgnnn... sou da GNR...mmgnnnnn... e vim aqui cagar a atrás desta oliveira”

Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!...


“Um alentejano estava a cagar debaixo de uma azinheira, junto a uma estrada, com as calças em baixo. Nisto passou um rapazinho todo vestido de preto. O alentejano disse:

- “Ó rapazinho, porque é que estás tão triste e todo vestido de preto?”

-“Estou de luto. Morreu a minha mãe, o meu pai, o meu irmão, a minha irmã….”

O alentejano respondeu, enquanto fazia força:

-“ãnngnnn….Ai….ignnn…coitadiiiiinho!....”


Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!....


quarta-feira, junho 16, 2004

Queridos dois ou três leitores,

É com o coração cheio de alegria que vos sugiro uma visita ao piedoso site da Irmã Lúcia, que decidiu agora brindar-nos com pérolas de Sabedoria e Fé. Hossana!

Bem hajam, amiguinhos.



Site da Irmã Lúcia

segunda-feira, junho 14, 2004

FAZEM IDEIA PARA ONDE VÃO OS VOSSOS IMPOSTOS, SEUS LORPAS?

Eu trabalho num serviço público que desenvolve investigação científica e a maior parte do tempo, estou numa secretária com papeis e computadores. No entanto, devido ás restrições orçamentais não há dinheiro para as limpezas e a porcaria, o sarro e o cotão acumulam-se, de molde a que o meu gabinete pareça uma esquadra da polícia secreta da República Centro Africana. Mas mais interessante, será o facto de, para a electricidade necessária ao ar condicionado, um luxo impensável para madraços cheios de previlégios aliás, não haver orçamento. Os aparelhos estão cá e funcionam na perfeição. No meu gabinete o termómetro marcava ás 17 horas, 34.5 º C. Solidarizo-me com os operários da Siderugia Nacional e com os fogueiros dos navios da Marinha Mercante e principalmente com os padeiros, pois afinal de contas temos todos muita sorte em ter emprego apesar de suarmos aos baldes com a roupa colada ao corpo e termos uma dôr de cabeça permanente. Sim, porque ser pago para arrastar papeis pelos corredores durante anos e dormir em cima da secretária, isto quando não estamos de baixa, não é fácil com este calor, caros contribuintes. Maus funcionários são os que se fartam de trabalhar e saem ás tantas da manhã para acabar os projectos. E aqueles que vão para o campo apanhar calor, chuva, pó, trabalhar de sol a sol e comer de uma lata de atum, para não falar de ter um furo, ir remendar a câmara de ar e o remendo ser o 12º e a risota se generalizar na casa de pneus. Um amigo meu uma vez passou 12 horas em cima de uma árvore a recolher dados, findas as quais levou uma chumbada dum caçador, para não ser parvo. Talvez o facto de não sermos aumentados há dois anos, os projectos com ensaios em curso (pronto, eu levanto uma ponta do véu, isto é um Laboratório do Estado) cujos financiamentos são cortados repentinamente sem justificação (sei de histórias de animais a morrer de fome pois comiam do PIDDAC e este levou um corte), o não podermos alugar, usar o nosso próprio carro e apenas haver um Renault 19 podre para 50 funcionários que fazem trabalho de campo, talvez concorra para os efeitos desmoralizadores do calor. Tempos houve em que era pior e por isso estou grato aos palhaços deste governo iluminado por já não sofrer tanto. Sinceramente obrigado. Lembro-me de estar com 38 º C no gabinete e entrar uma pobre estagiária inocente e quiçá impúbere, que ficou siderada com a visão dos funcionários em tronco-nú, que meio tresloucados pela canícula, tentavam por em ordem uns dados de campo num computador que já dava sinal de falhar com o calor. Posso-vos dizer, caros dois ou três leitores deste blog, que “rock bottom” foi quando, novamente por restrições orçamentais, não havia dinheiro para o papel higiénico. Havia um autêntico tráfico deste bem e cada um guardava religiosamente o seu sempre frequentava os lavabos. A questão deixou de se pôr quando a fossa se entupiu e a sanita começou a deitar por fora e nós perdemos de todo a vontade de ir à casa-de-banho. Novamente não houve dinheiro para mandar desentupir durante dois meses.

Vivemos num país marginal, para é que precisamos de investigação científica? O que nós fazemos acaso serve para melhorar a qualidade de vida dos utentes da linha de Sintra e do IC19 e dos moradores de Vale da Porca? Devo estar a delirar com o calor. O Lesoto, o Burundi e Burkina Faso passam bem sem estes luxos, não é?

Mas voltando ao calor. Será um treino nos serviços públicos para o Aquecimento Global? E para a futura guerra bioclimática, em que a água e o solo arável vão escassear e as nações vão lutar por ela como se fosse petróleo? Talvez possamos começar a pensar em emigrar para o Norte, pois migrações em massa devido á seca, fome, falta de combustível e doenças associadas ao clima quente, não é nada que não tenha já acontecido antes. Os americanos que se ponham a pau, que para defender o american way of life, vão ter de a breve prazo, em vez de ir defender o petróleo barato, apontar os mísseis aos que lhes querem ficar com a sua quota de água e fugir das suas terras ressequidas e estéreis. Estou muito catastrófico. Isto tudo por causa do ar condicionado…É preciso lata. Prometo que voto no PSD/PP se me ligarem esta merda! Nem precisam de me aumentar para o ano. A sério.

Talvez uma das palas do Estádio do Algarve já desse para equilibrar o orçamento do pessoal…vejam lá. Não nos podem emprestar um dos BMWs topo de gama aí do Ministério, para o pessoal ir fazer as medições de CO2 que temos que fazer às 4 da manhã num montado de sobro em Santiago do Cacém?

Ou as benesses fiscais aos clubes de futebol talvez pudesessem ser um bocadinho menos chorudas, não sei. Pois se alguém paga menos impostos, alguém de entre os que ainda pagam, tem que pagar por eles.

Afinal, pacóvios, vocês andam a pagar impostos para quê? Hã?

Ou meio Portugal são construtores civis e andam todos a fugir ao fisco e a malta aqui a destilar por vossa causa?

P.S. E os impostos que eu pago, vão para quem?

O vosso criado.

Assento.


terça-feira, junho 01, 2004

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA PROSTITUIÇÃO NOS ACRÉSCIMOS LENHOSOS DAS ÁRVORES DO PARQUE FLORESTAL DO MONSANTO

Assento da Sanita
Departamento de Ecologia Florestal Holística. Universidade de Atouguia da Baleia.
Portugal


Com o objectivo de estudar a influência das práticas de prostituição no crescimento lenhoso das árvores do Parque Florestal do Monsanto, admitiu-se a hipótese de os detritos orgânicos resultantes desta actividade poderem aumentar a fertilidade do solo florestal e como tal, conduzir a acréscimos lenhosos significativos com impacto na productividade florestal do Parque. Pressupõe-se que a grande quantidade de matéria orgânica em decomposição derivada desta actividade fornece ao solo grandes quantidades de compostos azotados usados pelas plantas.

Para tal estabeleceu-se um delineamento experimental split-plot de parcelas –testemunha com e sem prostituição (parcelas-testemunha). Nas parcelas com prostituição, estabeleceram-se diversas modalidades correspondentes a intensidades crescentes de input de nutrientes no solo. Os dados de volume foram recolhidos diacronicamente com recurso a equações de volume usando dados dendrométricos do relascópio de Biterlitch. Os resultados foram analisados com recurso a Análise de Variância simples (ANOVA) e testes post-hoc de comparação múltipla de médias (Teste de Newman-Keuls).

As parcelas correspondentes à modalidade 1 (intensidade baixa), correspondem áquelas em que as práticas de prostituição implicam dejectos directos como sejam ejaculações, chuveirinhos, peletas fecais moles e coágulos menstruais, mas em que as prostitutas não deixam dejectos sólidos como preservativos e papel higiénico usado. Num segundo grupo correspondente a uma utilização mais intensiva são deixados na mata coisas como, pensos higiénicos, cuecas comestíveis, restos de cotos de vela, tubos de vaselina mentolada vazios e velhos mortos com ataques cardíacos durante os actos. Certas práticas implicando o espalhamento de fezes, correspondem a priori a um grau de intensificação máxima.

Os resultados parecem sugerir que nos talhões com prostituição se dão acréscimos anuais significativamente maiores do que nas parcelas testemunha, chegando nas maiores intensidades de uso a acrédscimos de 1.5 a 1.75 vezes as testemunhas. Estableceu-se um modelo empírico do tipo Modelo Linear Generalizado que relaciona os acréscimos com a quantidade dos detritos mais frequentes:

Acréscimo Anual (%) = b1 (nº de pensos ou papel higiénico usado /m2) + b2 (nº de preservativos cheios de esperma já azeda/m2)+ b3 (nº de coágulos menstruais sediços/m2) + b4 (nº de velhos mortos durante o acto)+ b5 (peso de cagalhões cheios de moscas verdes já meio-derretidos pela chuva/m2)+ K, sendo K uma constante.

Este modelo pode revelar-se útil na gestão florestal do Parque, porquanto demonstra a utilidade da prostituição na manutenção das funções productivas de relevância económica das áreas de recreio florestal.

Bibliografia

TONY, J. (2003) Como enchi a mimha garina de olhos negros por não me ir ganhar o guito para a droga, no parque Florestal do Monsanto – Documento-Choque in 24 horas, VI.
BALAGUER, J.M. E (1956) La influência de las prostitutas en los crecimientos de dos espécies de árboles – el arce rojo de Canada y el piño piñonero. Caso-estudio. Acta. Episc. Espan. VII.