quarta-feira, janeiro 28, 2004

ODE CRISTÂ E LÍRICA ,EM PROSA A UMA POBRE CRIATURA DE DEUS SUMIDA NOS ENTRFOLHOS DE NINFAS MAIORES

Ah se eu apanhasse a Florbela Queiroz! Numa cena de tribadismo desbragado com a Tonicha!
Os fungos a passarem das pústulas purulentas gonorrêicas da ex-actriz e taróloga para as glândulas de Bartolin (*) do sex-symbol do nacional cançonetismo! Um pobre fungo desvairado, vai saltitante a esporular, ora no folículo piloso ao lado dum parasítico chato, ora na crosta de corrimento com três quinze dias, ora no próprio coágulo menstrual sediço e incrustrado entre os calosos pequenos lábios...Ah!... Mas, alas!...vem de lá o impiedoso antimicótico, com as suas moléculas de clorometazol 1%, pérfidas e letais em riste, perseguindo o pobre fungo! Mas este, tenaz, perseguindo a Vida, qual Robison deseperado, de unhas cravadas na sua tábua de salvação cheia de cracas, por entre as vagas alterosas, serpenteia veloz por entre os pêlos púbicos insalubres, já ralos é certo e, lá vai escapando ao ignominioso destino traçado pelas vagas de Asseptal que agora se juntam, mortíferas, ao Canesten!

Vã vida, que se esvai nas garras do antiséptico íntimo...Esporula deseperado na ânsia vã de se eternizar, mas alas!...Em vão, em vão. O triste féretro é lavado para a sanita numa enxorrada de fedente e espumosa urina! Esgoto abaixo!

Numa bosta flutuante do Tejo, cantam as Tágides bisonhas, o triste destino deste amoroso fungo. Um entre os trezentos mil biliões seiscentos mil e vinte e quatro espécimes de Candida albicans que existem na população de unhas, áfetas e cenaitas portuguesas. Choremos.
FIM





(*) Glândulas productoras de líquidos vaginais lubrificantes.

terça-feira, janeiro 27, 2004

UTOPIA DE AURÉLIO BOAVENTURA SEBORRÊIA SANTOS: PENSADOR PÓS-MODERNO.


[Aurélio - à esquerda com as mãos na cabeça - em 1943, Coimbra, durante uma visita um sociólogo seu amigo quando este era jovem e ainda não usava algália].

Aurélio olhou constrangido o livro de Jacques Derrida que a mulher-a-dias tinha usado como calço para a máquina-de-lavar. Pudera, então era por isso que não o encontrava.
“Porra, dava tanto jeito para sacar umas citações para aquele artigo novo da Revista de Ciências Sociais”. De qualquer maneira tinha ainda hoje que telefonar ao Prof. Karma e à mulher, a Cidália Moreira, para o convidar a dar umas aulas no seminário “Ontologia da desconstrução do discurso hipotético-deductivo: implicações heurísticas II”. Ligou o telemóvel. Do outro lado da linha, uma voz brasileira traçou-lhe o horóscopo para a semana. Aurélio tirou notas num bloquinho. – “Bom. Está visto que não se consegue. Maldita tecnologia. Ao menos já sei que devo evitar os fritos e que terei uma visita inesperada quando Saturno estiver na casa de Sagitário”. Sacou da pederneira e acendeu um cigarro. O seu vizinho, Fred Flinstone, estava a tocar à porta. – “Está um grupo de cientistas, zangados consigo, que querem alugar um cilindro das obras para lhe passar por cima. Pensei que era melhor vir falar consigo logo que lhes passasse o veículo para a mão”. Entretanto, apareceu um ceguinho a cantar umas desgraças que tinham acontecido em Souselas. Parece que um octogenário tinha posto os miolos do namorado ao sol, à machadada, lá no Centro de Dia, porque o encontrou a deglutir com gula o membro viril do segurança. Aurélio ajeitou os óculos. – “Entre, entre. Não quer ser delegado ao Fórum Social Português? Você tem pinta. Sim senhora. Venha lá homem, você tem jeito. Vou pô-lo a cantar uns versos sobre o diálogo entre a sociedade civil e o capitalismo neo-liberal globalizado” O ceguinho expectorou para a carpete encolheu os ombros e disse que sim. Nisto, o cilindro entrou pela parede da caverna adentro derrubando a estante de Aurélio e deixando tudo debaixo dum monte de escombros. – “Pronto. Já podes telefonar ao Baptista. Já lhe arrefecemos o céu da boca.”

FIM.




CANTINHO DA POESIA

Tolhe-se-me a voz e seca-se-me a veia, esmagado pela grandeza expressiva e pelos píncaros de sordidez gratuita a que o grande Jorge de Sena consegui guindar a poesia lusa. Enquanto não me recompuser não escrevo nada. Tenham paciência. Este poema foi-nos-enviado por um amigo, "O Cogumelo", versado em poesia contemporânea portuguesa. Saravá para ele.

Assento da Sanita.



"O Desejado Túmulo


Numa azinhaga escura de arrabalde
haveis de sepultar-me. Que o meu túmulo
seja o lugar escuso para encontros.
Que o jovem desesperado e solitário
vagueando venha masturbar-se ali;
que o namorado sem um quarto
aonde leve ao castigo a namorada, a traga
e a force e a viole sobre a minha tumba;
que o invertido venha ajoelhar-se
à beira dela ante quem esperma vende,
e deite abaixo as calças e se entregue,
as mãos buscando apoio nessa pedra.
Que bandos de malandros ali tragam
a rapariga que raptaram, e
a deixem lá estendida a escorrer sangue.
Que as prostitutas reles, piolhosas.
na laje pinguem corrimentos quando
a pobres velhos se venderam lá.
E que as crianças que brincando venham
jogar à minha volta, sem pisar nos cantos
a trampa mais cheirosa do que a morte
e que é memória humana de azinhagas,
ali descubram, mal adivinhando,
as nódoas secas do que foi violência,
ou foi desejo ou o que se chama vício
e as lavem rindo com seu mijo quente
a rechinar na pedra que me cobre
(e regressem um dia a repeti-las)."

Jorge de Sena

quarta-feira, janeiro 21, 2004



Esta foto da dita numerária da Obra é para ver se os dois ou três leitores deste blog - que já nem comentários deixam se motivam mais um bocadinho. Deixo também uma foto de S. J. M. Escrivá de Balaguer para escolherem com qual é que querem deixar um pegamaço seminal no monitor TFT do vosso. PC. Ele há gostos para tudo. Bem hajam.

Assento da Sanita.


terça-feira, janeiro 20, 2004

A NUMERÁRIA.

O esperma escorregava em abundantes borbotões viscosos pelo esófago de Arminda abaixo, enquanto os urros do guineense ecoavam pelas ruas do Cais Sodré. De supetão, as fezes de Arminda subiram-lhe pelo cólon acima, empurradas pelo grosso e longo membro, cheio de veias salientes. Após zurzir o lasso esfíncter anal de Arminda, o fogoso rapaz meteu com brutalidade, o membro túrgido e barrado de fezes castanho-esverdeadas,entre os dentes podres da rapariga, empurrando-lhe a epiglote até ao piloro. Arminda foi de perna aberta até à residência da Opus Dei onde vivia. Quando chegou, o seu conselheiro espiritual, após lhe fazer a correcção fraterna, quis falar com ela. Apertou melhor a disciplina em torno da perna. Tinha ganho o concurso para assistente na Universidade Católica , eleita para o conselho de administração do BCI e convidada para sub-secretária de Estado da Solidariedade Social. "Que bom". Pensou Arminda no seu QI de 32.

FIM

segunda-feira, janeiro 19, 2004

RADIO IURD parte I.

- “Temos hoje connosco o pastor Aurélio Vanderlei Seborreia que nos vai falar da corrente do Senhor Contra Satanás pelas 19:00 lá na Igreja, que, lembramos aos ouvintes, fica no antigo pavilhão polidesportivo da Amora. Mas antes vamos atender os telefonemas dos ouvintes. O telefone é dois, nove, meia, zero, meia, quatro, sete, meia, um”.
- “Oi, galera. Fica firme com Jesus.”
-“ É isso aí, meu irmão.”
-“Amén.”
-“Amén.”
- “Ora , temos em linha a dona Odete Xivucuvucu Pereira que mora no Bairro Estrela de África na Damaia. D. Odete, de que sofre a Sra.?”
-“Vejo uns vultos e ouço umas vozes dentro da cabeça, pastor. O médico diz que é um tumor tamanho de uma melancia. Nem já nem vale a pena operar.”
-“Você pagou o dízimo esta semana, irmã?”
-“Paguei, pastor.”
-“Ora bem. Ponha um copo de água por cima da telefonia, espere pela oração – Bênção da água contra Belzebu - em um quarto de hora e beba essa água e ficará curada”.
- “Mas tenho de ir mamar no membro viril do meu marido agora, pastor…”.
- “ Bom, vá lá, depois deve fazer gargarejo com a água do rádio. A propósito, D….?”
-“Odete.”
-“Isso. Já pagou o dízimo, esta semana?”
- “Paguei, pastor. Já lhe tinha dito.”
- “Isso. Beba a água. Vai ver que o tumor passa num instante.”
-“Obrigado, pastor.”
-“De nada. Amén. Próximo?”.
-“Temos em linha seu Eusébio, do Bairro Estrela de África na Damaia, que têm um filho toxicodependente. O Sr. Sofre muito seu Eusébio?”
- “Sofro, pastor. O meu filho rouba as pratas lá de casa para comprar a substância.”
-“Traga as prata aqui para Igreja que ficarão guardada do vício demoníaco de seu filho! Venha correndo! A Igreja pode mandar um camion para buscar as prata, seu Eusébio! Suas prata ficarão à guarda do Senhor Jesus. E pode aproveitar para pagar o dízimo.”
-“Sim, pastor. Vou fazer isso. E por acaso ando atrasado com o dízimo.”
-“Tem que se penitenciar. Paga em dobro, seu Eusébio. Se quiser desconto tem que sugar o membro do Pastor Wailson Baldarachi, que está na entrada colectando as esmola, valeu? Vai seu Eusébio, corre prá Igreja. Seu filho já não tem cura. Chuta ele pra fora de casa, vai.
“Sim, pastor.”
-“Isso.”

Interlúdio musical: Trio Bruno & André – “O senhor segura a minha barra”.

FIM

quarta-feira, janeiro 14, 2004

AURÉLIO NO POSTO DA GNR

Lá no Posto, o guarda Aurélio Seborreia andava pelo corredor com os quintuplicados dos autos pela mão. Estava um bocado agoniado com a ressaca da bebedeira de ontem com os colegas durante um serviço de vigilância de trânsito. Bof!... E aquelas sardinhas? Tinha ficado com a farda cheia de nódoas de gordura, não chegavam já as de vinho tinto. Nisto passou por ele o guarda Nelson Rodrigues, que era um garboso rapaz musculado e que vinha do ginásio todo suado. Aurélio sentiu um arrepio na espinha ao olhar para os glúteos musculados de Nelson. – “Não te tenho visto no Sétimo Céu, Aurélio.” –Disse Nelson lambendo o lábio de cima com um olhar dengoso. – “Tenho andado com hemorroidal, sabes. Não estou muito virado para os convívios. E depois esta coisa da nossa Brigada andar a mudar de chefe a toda a hora… põe-me nervosa”. –“Já ninguém respeita a autoridade da GNR, é o que é…”. Nisto encontraram o guarda Abel Xivucuvucu de Freitas que retocava a maquilhagem enquanto ajeitava o babydoll cor-de-rosa por debaixo da farda, em frente ao espelho dos lavabos. Outro colega engraxava as botas de cano alto enquanto trauteava uma canção do Alex. Das retretes ao lado saíam uns guinchinhos acompanhados de ruídos guturais. Uma espécie de resfolegar. Parece que o comandante estava a sugar gulosamente o membro viril do Sargento Dias, que tinha vindo do paddock a cheirar a cavalo. O comandante, num frémito de desejo, desejou deglutir com sofreguidão aquele esperma que Dias lhe costumava depositar, abundante, na epiglote. Saíram dos lavabos e foram até ao gabinete de Nelson. – “Queria conversar contigo” – disse olhando distraído, o poster do Freddy Mercury que tinha ao lado do retrato oficial do Presidente da República. – “Acho que quero fazer a operação, sabes Aurélio. É que isto só hormonas, só hormonas é capaz de fazer mal à saúde…”. Aurélio concordou e apoiou o amigo e disse: - “ Também já ando farto de rapar as pernas todos os dias para ir à noite para a Duque de Loulé.Acho que vamos os dois ao Brasil. Tratamos disso lá.” Nisto, entrou o guarda Emídio Meireles que tinha acabado de espancar um cidadão que tinha entrado no Posto para apresentar uma queixa. – “Porra. Passei a manhã inteira nos lavabos da Estação do Rossio e só saquei um rapaz que tinha uma sarda que mais parecia uma minhoca. Nem me tocou cá os badalos…” Que se lixe. Vou ali à Damaia. Na Damaia é que o GNR se regala. É picha até rebentar a tripa cagueira. Foda-se…”. Concordaram.

Saíram todos, com as sirenes a tocar e aquelas luzes azuis acesas. – “Paramos para comprar uns bábás e uns duchaises ali na Alsaciana?” Todos concordaram. O dono do Trump´s estava a fazer as limpezas e a despejar um balde de água suja pela rua da Impresssa Nacional abaixo e os guardas acenaram-lhe da janela: - “Ó Armindo! És uma badalhoca! Uma maluca! Olha-me para isso!” Armindo retorquiu sorridente: - “venham cá hoje e tragam outra vez aqueles magalas açorianos vossos amigos! Havia uns cá com uns malhos! Ainda nem me consigo sentar sem a almofada das hemorróidas! Minha santa peidinha…”. Na rua se S. Marçal encontram mais uns amigos e foram apanhar uma bebedeira juntos. Eram só 9:30 da manhã, afinal de contas. - "Bolas!Um homem tem que espairecer um bocadinho. Não pode ser só trabalho!”- Disse Nelson. Armindo entretanto preparara o aparato seguinte: numa lata de Bala, prendeu bem a tampa semi-ovóide com umas voltas de fita-isoladora preta. Depois, com um abre-latas retirou-lhe o fundo. Besuntou a lata com massa consistente e introduziu tudo no anús, lasso de tanto fisting. Depois introduziu uma varinha-mágica Taurus, sem a protecção de plástico na lata, que vibrou furiosamente. Armindo revirava os olhos de gozo. O guarda Aurélio fez melhor. Introduziu no recto um daqueles botes auto-insufláveis e depois puxou o cordelinho. Aquilo é que foi.

Eram sete da tarde quando, o Sargento Dias disse: - “Bom, rapaziada, vamos ver se fazemos alguma coisa hoje.” Saíram e desataram a passar umas multas a carros estacionados em cima do passeio.

FIM.

terça-feira, janeiro 13, 2004

PARA AS CRIANÇAS COM FALTA DE APETITE

Não queres comer sopa quente?
Quem bate à porta: truz, truz??...
Será chuva? Será gente?
Fuge! Que vem lá o Carlos Cruz!

Se não comes a sopina
Chamo o Papão da Casa Pia,
O entrefolho te esburcina
Vai-te queixar à tua tia.

Come esta porra, rapaz!
Senão vais para a Madeira.
Zás catrapás, pás!
Engordar a minha carteira.

segunda-feira, janeiro 12, 2004

ESCRITOS APÓCRIFOS I: ZEBEDEU 23:45

“Naquele tempo Abraão andava com umas manias esquisitas. Um anjo do Senhor visitara-o na casa de Acabeu, filho de Abacuque, que gerou a Anaias, que era irmão de Zebedeu, filho de Melquizedeque Artaxerxes Nabucodonosor Antunes. Abraão coabitou na casa de Absalão com ele e conheceu-o muitas vezes e sem vaselina até que Absalão mandou um tumor em bronze ao rei dos Moabitas. Um homem que se chamava Aurélio Seborreia e era comerciante de fezes e secreções nazais disse a Abraão: - levantemos altares a Astarté num lugar alto e mandemos bugiar a Javé que nos anda a tramar a vida e para além disso não passa de uma coluna de nuvem com manias esquisitas. Abraão entrando no Tabernáculo foi-se à Arca da Aliança e aliviou-se da barriga enquanto Ester, a sua mulher mais velha lhe pôs a mão na coxa e Abraão a conheceu. Entretanto, ali ao lado, um homem de nome Menelias Lilas sugou gulosamente no nabo de Abelias, filho de Zil, pai de Melquizedeque, que gerou a Leandro Diamantino Meireles. Abraão queimou no altar do Senhor a gordura de um borrego a Jeová no altar de Jeová, pois toda a gordura pertence ao Senhor e honrou pai e mãe e a sua nudez não descobriu. Andava por ali um homem chamado Onan a esgalhar secóvias pelos cantos do Tabernáculo e já tinha coberto um bezerro de oiro, mas sem qualquer resultado e Abrão lhe disse: “Ouve lá, vai mas é secar os testículos para outra freguesia. Nisto, Jeová enfureceu-se e disse-lhes – “Vós, ó estultos, que não acertais uma e pecais desenfreadamente, estais feitos comigo”. Vou mandar uma coluna de enxofre para vos abrasar e pronto”. Abraão engoliu em seco e disse “Senhor, tem piedade, pois eles não sabem o que fazem porque se embebedam como gente grande”. Deus disse –“ Bom. Está bem. Desta vez passa”. E houve choros e ranger de dentes toda a noite e mesmo assim Jeová, ao contrário do prometido, mandou-lhes uma praga de gafanhotos que não comeu as culturas dos Hebreus porque estes eram nómadas e não tinham agricultura nenhuma”.

Experiência...1,2, aahhh...

Porque é que tenho um anúncio a um remédio para as hemorróidas na página??? Será que o Pacheco Pereira também tem um no dele? É infame. Tira a seriedade a qualquer blog, porra.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

AURÉLIO GOES TO MARS

Aurélio Seborreia estava na bicha dos CTT para comprar a última das colecções Phillae. Chegaram um velho e uma velha a queixar-se das dores nos quadris e dumas pressões na cabeça, respectivamente e, deram um encontrão em Aurélio. O velho a mascar a placa, disse a Aurélio: - “O senhor chegue-se para lá, porque eu já cá estava antes. Fui só ali desapertar o casaquinho de malha ao Piloto, que não conseguia alçar a perninha, coitadinho” Aurélio hesitou mas ainda disse: - “ Já estou aqui há três quartos de hora e não me lembro dos senhores, mas vá lá…”. A velha meneou o guarda-chuva, furiosa e disse ao velho: -“E tu não dizes nada, meu penico-sem-asa!”. – “Devia ter respeito pelos idosos. O velho desatou a mamar gulosamente no membro viril de um senhor cabo-verdiano que ali estava de sobretudo, enquanto o Piloto montava a caniche do polícia de giro que fazia serviço na Estação dos CTT. A empregada da caixa dizia, piscando o olho a um rapaz toxicodependente, que no torpor da pedra de WC-Pato, tomara a estação dos CTT por uma farmácia e tentava trocar a seringa: -“Vem cá, ó jeitoso, que tenho aqui muitos selos para lamber.” O rapaz anuiu mas queixava-se: “Estes selos têm muitos pêlos…”. Pudera, era tão só a cenaita insalubre e hirsuta da empregada da caixa, que era por demais conhecida no bairro por ter pêlos púbicos desde o umbigo e a saírem, qual espesso matagal das cuecas fora, na zona das virilhas. Parece também que seria uma senhora avessa à higiene. Os colegas dos CTT até lhe tinham oferecido uma palete de Aseptal no Natal, mas ela não entendera a indirecta. O toxicodependente chuchava a contragosto no purulento clitóris, enquanto sugava as bolsas de corrimento esverdeado entretanto acumulado ao longo de lustres, assim como as pastadas de candidíase argamassadas nos pêlos púbicos. Entretanto, os chatos esbranquiçados da senhora faziam um ponte aérea para a farta cabeleira dread do rapaz. A velha malhava entretanto num escuteiro que tinha defecado no chão dos Correios com a desculpa que “aquilo nunca mais andava e que ele como tinha sido casapiano, tinha problemas de incontinência fecal”. Aurélio saiu abespinhado com o desenrolar dos eventos postais daquele dia e meteu-se num daqueles carrinhos de fibra de vidro, todos puídos e sebentos onde se mete uma moeda e abanam durante 12 segundos enquanto debitam uma roufenha e incompreensível canção espanhola. Era em forma de sonda espacial europeia e tanto abanou que se soltou. O Carvalho Rodrigues que passava por ali, disse: -“Olha que peça fabulosa da engenharia aeroespacial lusa. Vou vendê-la para a Agência Espacial Europeia.”. Com Aurélio lá dentro, o trambolho foi inicialmente usado como lastro do foguetão de lançamento de uma sofisticada sonda marciana. Mas por engano soltaram Aurélio no seu veículo e mais umas tralhas manhosas que incluíam: uma mobília da Moviflor, umas rolhas de cortiça, umas latas de conserva de sardinhas em escabeche, umas latas de fígados de bacalhau em óleo, umas esfregonas, uns sapatos cosidos à mão no Vale do Ave por crianças extremosas e um fogão Meireles. O lastro tinha sido a contribuição tecnológica portuguesa para a missão espacial da Agência. Chegado a Marte, Aurélio Seborreia, de seu apelido Das Comas à Zombie, deu de caras com um simpático marciano. –“Olá, terráqueo. Quantos anos tens?” Aurélio disse-lhe que tinha 37 anos. – “Hum… uma criança. Sabe é que nós em Marte vivemos até aos 250.” A seguir, o marciano, que usava um sobretudo comprido, mas por baixo estava à Pai Adão, deu-lhe uns chocolates e disse: -“Não queres vir ali para trás com o Tio ZBV25? Vamos conviver para trás daquelas moitas”. Aurélio seguiu o simpático senhor, que lhe piscava os seus três olhinhos. Nisto apareceu a PJ Marciana e disse – “Embaixador, em nome da lei, está detido!”. Sacaram dumas algemas e prenderam-lhe os quatro tentáculos. Só o solto se responder a uma questão sobre Portugal, na Terra. – “Diga.” – Disse o Embaixador. – “ Qual a sua opinião sobre o Aborto?” O Embaixador respondeu: - “Acho que até tem sido um bom Primeiro-Ministro”.

FIM

segunda-feira, janeiro 05, 2004

NUM BANCO DO ESTADO

Aurélio Seborreia estava na fila da Caixa Geral de Depósitos para levantar um livro de cheques. Deus, que estava a atender ao balcão, disse, sorridente: - “Bom dia, caro cliente da Caixa Geral de Depósitos. Obrigado por nos ter contactado. Para consultas marque 2, para levantamentos marque 3, para broches pela mulher da limpeza croata marque 4, para outras opções marque 9…”. Era um funcionário um pouco esquisito. Era verde e em plexiglass. O pior é que não tinha olhinhos. Aurélio não estava preparado para aquela súbita teofania na Agência de Corroios da CGD. Disse a gaguejar – “opção 4, se faz a fineza.” Ludmila Bratiskaya Suchenko Halska, de supetão, desatou a sugar gulosamente o membro viril de Aurélio. Deus limpava o musgo das unhas com um corta-unhas da N. S. de Fátima. Atrás de Aurélio, um rapaz seboso limpava a cera dos ouvidos com a unha comprida do dedo mindinho. Um idoso que tinha acabado de matar a mulher e a sogra à machada, treinava a cruzinha com que ia assinar para levantar a pensão. Deus pigarreou e disse: - “ Ora vamos lá a ter juizinho senão chama o segurança!”. O segurança era um rapaz senegalês, bem apessoado que, com jeitinho, pegou no velho pelas golas e levou-o para fora das instalações da CGD, enquanto este se borrava pela perna das calças. Um político que ainda trazia atracado o casapiano, pois tinha ficado entalado por causa do lubrificante que usara ter sido Forza-Limpa-Fornos, exigiu ser tratado com mais deferência e passar à frente de todos. Aurélio indignou-se e cevou-lhe uma cachaporrada no occipital. Um cigano que vinha de braço dado com um GNR, chorava, pois o namorado tinha-o trocado por outro durante uma campanha de segurança rodoviária em que tinha participado no Iraque.
(Meu Deus, onde é que meti o lítio?).

FIM

CRÍTICA LITERÁRIA

A notável qualidade estética do acto de felação pela empregada ucraniana e o irrestistível apelo pós-moderno à descontrução do corpo, que obviamente evoca, tornam esta imagem num objecto de intensa catarse artística. Dir-se-ia que o carácter transcultural desta arte maior traduz a necessidade do artista de confrontação com o seu lado inconsciente mais intuitivo e feminino.
Por outras palavras, na volta é um grande paneleiro.